Estávamos nos aprumando para dormir, deu meia-noite e... você... desabou no chão! E o relógio a badalar... uma. Eu corri até você, sem entender, tentei te erguer... duas. Não consegui! No momento em que encaixei meus braços entre os seus e tentei te puxar, a força foi me faltando... três. Eu me vi perdendo os movimentos, caindo com você... quatro. Senti o coração parando, o sopro da vida se esvaindo com o vento... cinco. Era como se eu estivesse de fora, observando a cena, sofrendo-a... seis. A minha cor foi sumindo, a pele, a boca foram ficando cinza... sete. Como se um buraco negro sugasse a minha vida e, de repente... oito. Morri... nove. Silêncio, vazio, nada... dez... onze... doze.
Meia-noite e um.
Senti uma brisa roçando a pele, eriçando os pelos, arrepio... tic. Não mais vazio, não mais nada, só o silêncio da noite... tac. Olhos ainda fechados, mas o coração voltando a bater... tic. Senti as cores me decorando novamente... tac. A vida entrou em mim, rubor, calor, abri os olhos calmamente... tic. Olhei em volta e vi que estava tudo igual, mas diferente... tac. E ali mesmo, no chão, como estava, adormeci ao seu lado... tic. Meia-noite e dois. Sonhei com o mar... tac.